Bora pra luta. Matar um leão por dia!
- Célula 21 Comunicação e Marketing
- 2 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de jul.

Por que será que a gente associa trabalho a sofrimento? Já parou para pensar nisso?
A gente vive dizendo “bora pra batalha”, “bora pra guerra”, como se sair para trabalhar fosse vestir uma armadura e enfrentar o caos. E eu confesso que já usei essas expressões. Mas sinceramente, você acha mesmo que eu sobreviveria em uma guerra? Não precisa responder. O ponto é outro.
Existe uma relação histórica, cultural e simbólica entre trabalho e sofrimento. Mas de onde vem essa ideia?
A origem da palavra trabalho
Vamos ao dicionário. A palavra trabalho deriva do latim tripalium, um instrumento de três hastes usado para imobilizar animais enquanto eram ferrados. Esse mesmo nome era dado a um tipo de instrumento de tortura usado com escravos e prisioneiros. E dessa raiz vem o verbo tripaliare, que significa... torturar.
Começamos mal.
Ou seja, tecnicamente, quando você vai ao trabalho, está indo para um lugar historicamente associado à dor.
O trabalho como castigo na tradição religiosa
E se a gente olhar a Bíblia? Lá em Gênesis 3, depois da história do fruto proibido, vem a sentença: “Com o suor do teu rosto comerás o teu pão, até que voltes à terra”. Para muitos, essa passagem é interpretada como o início da associação entre trabalho e castigo.
Com todo respeito à fé de cada um, vale destacar que até no imaginário espiritual, o trabalho aparece como uma espécie de punição.
A história também não ajudou muito
Na Idade Média, camponeses viviam em condições extremamente difíceis. Trabalhar era sinônimo de fome, frio, insegurança e submissão aos senhores feudais.
Depois vieram os horrores da escravidão, onde milhões de pessoas foram forçadas a trabalhar sem direitos, dignidade ou qualquer reconhecimento. O trabalho escravo deixou cicatrizes profundas, ainda visíveis nas desigualdades sociais que enfrentamos hoje.
Durante a colonização, povos nativos também foram explorados, submetidos a jornadas brutais nas plantações, nas minas e em atividades extrativistas. Trabalho era sinônimo de punição, exaustão e dor.
A Revolução Industrial trouxe a promessa de progresso, mas com ela vieram fábricas com jornadas de 16 horas, salários miseráveis, riscos constantes de acidentes e condições insalubres.
Mesmo no século vinte, embora tenham surgido legislações trabalhistas e sindicatos, muitos trabalhadores ainda enfrentaram abusos, desigualdades e uma forte cultura de exploração.
Com o tempo, passamos a falar também de sofrimento emocional no trabalho. Estresse, esgotamento, assédio moral, ansiedade e depressão entraram no vocabulário das empresas. As dores deixaram de ser apenas físicas e passaram a ser psicológicas.
O século vinte e um trouxe novas reflexões
Com a chegada das novas gerações ao mercado de trabalho, veio também um novo olhar. Em vez de apenas aceitar que trabalhar é sofrer, os jovens começaram a questionar essa narrativa. Querem propósito, qualidade de vida e bem-estar no trabalho.
E não é só por idealismo. É por necessidade. A produtividade está ligada ao equilíbrio emocional, à segurança psicológica e à motivação.
Empresas que entenderam isso começaram a transformar seus modelos de gestão. O economista Klaus Schwab já falava disso nos anos 70, propondo um modelo de capitalismo voltado para o valor de longo prazo.
R. Edward Freeman ampliou esse conceito e falou de capitalismo de stakeholders. Traduzindo: empresas que consideram não apenas os acionistas, mas todos os públicos impactados por sua atuação — funcionários, clientes, fornecedores, comunidades.
Em outras palavras, empresas que existem para gerar lucro, mas também bem-estar.
Sustentabilidade e o futuro do trabalho
Hoje falamos muito de ESG, sustentabilidade e responsabilidade social. E não é modinha. Segundo o Fórum Econômico Mundial, sustentabilidade será uma das áreas que mais vai gerar empregos nos próximos anos.
Trabalhadores querem estar em empresas que cuidam do mundo, das pessoas e deles mesmos.
Isso significa que não basta pagar bons salários. É preciso ir além. Escutar, adaptar, humanizar.
Você sabe quanto tempo seus funcionários levam para chegar ao trabalho? Sabe se a equipe da limpeza mora mais longe do que o time administrativo? Já pensou em políticas que reconheçam essas diferenças e tragam mais equilíbrio?
Sim, é verdade que todos vão querer mais flexibilidade. E é justamente por isso que as empresas precisam repensar seus modelos e criar soluções que ajudem a reduzir os fatores que comprometem a produtividade.
O que aprendemos com a pandemia
A pandemia mostrou que é possível se adaptar. Empresas que nunca cogitaram o home office mudaram tudo em semanas. Se conseguimos naquela época, por que não podemos seguir aprendendo com ela?
Ignorar esses aprendizados é um erro. É não estar preparado para o futuro.
E agora?
Talvez você pense que isso tudo é bonito na teoria, mas difícil de aplicar. Talvez você ache que sua empresa nunca vai mudar. Talvez esteja cansado. Mas a verdade é que trabalho não precisa ser sofrimento.
É possível construir uma jornada do colaborador que seja positiva. Que tenha escuta ativa, empatia, reconhecimento e desenvolvimento. Claro que haverá problemas e desafios. Mas o que muda é a forma como você, sua equipe e sua empresa lidam com isso.
Trabalho pode ser sinônimo de construção, de crescimento, de realização.
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